Xurês Extreme

...e então lá fomos nós para o Gerês Espanhol para sofrer durante 100 duros quilometros. Sim, porque nós não somos desses que vão andar de bicicleta só para se queixarem da vida e dizer que sobe muito e que está calor e que estão muito mal das costas e que doi esta parte e aquela e ter conversas abichanadas de índole homosexual... err... bom, esta parte até que aconteceu mas mais tarde todos concordamos que foi um "momento bonito" (lê-se buneitu).

Adiante... aquilo a princípio foi giro, depois só queria acabar e no fim eu perguntava-me que mal é que eu teria feito. Lembro-me de ao fim dos primeiros 30km estarmos todos muito bem dispostos e cheios de vontade de continuar, aos 60km lembro-me de estar calor e subir "comó camandro" e depois dos 80km já não me lembro de coisa nenhuma. Doíam-me os pés, as mãos, os ombros, as pernas e os dedos (sim, cada um dos meus 20 dedinhos).

Bem que a organização lhe chama Maratona Extreme... merece o nome. Subimos um total de 2565m até à altitude máxima de 1155m. E ainda me lembro do outro que disse que já não havia mais serra para subir. Coitado... que Deus Nosso Senhor lhe perdoe!! ;-) O cenário é deslumbrante e o percurso tecnicamente exigente e variado. Depois dos 60km as descidas são todas com muita pedra e muitas das subidas requerem endurance e alguma habilidade de trial para as superar.

O nível técnico e físico depois nesta fase (depois dos 60km) sobe drasticamente. As subidas e as descidas sucedem-se de uma forma curta mas íngreme que torna muito difícil estabilizar um ritmo de cruzeiro. A isto se junta o cansaço da subida acumulada de 1500m feita até então.

Secretamente, todos nós tivemos uma altura em que nos apeteceu "arrumar as botas" mas as conversas de "asteroides" no ácido "galáctico" com uma pitada de "anfecaminhas" lá fazia passar mais uns metritos.

Pela minha "telemetria" os MulaRaiders mantiveram um ritmo cardíaco médio na casa das 150ppm o que muito me agradou. Isto quer dizer que soubemos gerir muito bem nosso esforço durante todo o evento e que o nível físico dos quatro Mulas é muito equilibrado sendo realmente um gosto andar assim.

Demorou-nos 8horas e 22minutos para terminar os 100km. Parece muito quando comparado com o tempo de 5:15 do primeiro classificado. Resta-nos a satisfação de saber que este homem é uma verdadeira máquina do BTT. Com um tempo máximo de 9 horas para terminar o percurso de 100km tenho a certeza que muitos ficarão fora da tabela. Vamos esperar pelas classificações.

Malta... qual é a próxima?